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Enquanto almoçava, via ao longe, na televisão do restaurante, as imagens de um barracão. O barracão estava atafulhado de papéis e de secretárias separadas por uns quantos biombos. As câmaras aproximaram-se dos biombos e podia ler-se "tribunal do trabalho", "ministério público", etc. Aí percebi que se tratava de um tribunal. Era em Portugal, no ano da graça de 2008, em pleno "progresso" e em pleno "choque tecnológico" promovidos pela "esquerda moderna".
O barracão fora pedido emprestado aos bombeiros porque o edifício original, com pouco mais de quinze anos, ameaçava ruir. Foi nos balneários dos bombeiros que, soube-se depois, juízes se esconderam para fugir às agressões das famílias de uns arguidos quaisquer.
Não é virgem a situação de violência perpetrada em plena audiência. O que é menos comum, partindo do princípio que isto não é a Somália, é administrar a justiça num barracão.
Todavia, se reflectirmos um pouco mais, talvez a imagem não seja, de todo, desproporcionada.
A maturidade de uma democracia, como ensinam os "especialistas", mede-se pelo seu sistema de justiça. E o "sistema" reflecte o estado de um regime no fátuo da sua miséria. É, afinal, como estamos de democracia. Enfiados no barracão.
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