sábado, 31 de maio de 2008

Anarchy in Allgarve (Punk Remix)


Lagos é terra de contrastes. Turistas e conterrâneos partilham o mesmo espaço onde os interesses de ambos colidem.



Tio Manuel, pescador reformado, gaba aos amigos pensionistas as qualidades da sua imaculada Famel.
No entanto, à sua frente, jovens fundamentalistas do movimento punk deambulam, em avariadas sensações de ilusão provocadas pela droga (ou por qualquer outra coisa equivalente cujo efeito mental seja devastador em termos de pensamento organizado), polvilhando assim de diversidade e cor este destino turístico.


Noutra esquina, um dueto de músicos «country» de origem germânica espalha pela rua acordes da folk norte-americana.


É um clima de Anarquia?

Não.

Este sim é o verdadeiro, original e eclético programa «Allgarve»!

Fuego na oficina


Uma reluzente e vermelhinha Sachs Fuego.

Com um salto sobre a alavanca de ignição, Jack pôs o bicho a funcionar.
Um troar nada meigo dos festivos cilindros prenunciou então uma descoberta.
-“Puto, mas esta Sachs tá quitada?”
-“Claro que tá, achas que eu ia pensar numa Sachs normal? Na minha terra toda a gente tem as motas ratadas. Pensei numa V5 com escape livre, admissão directa e jantes 16″ sem raios para poupar no peso e toda em carbono!!! Mortal! Deixas-me conduzir Jack?”
-“Não, tu ainda és muito novo, vais à pendura.”
E foi assim que o Fritz e o terrorista irlandês se lançaram em direcção à montanha, ao pôr-de-sol místico onde encontrariam o castelo do Peter, Feiticeiro de Alkmaar, que lhes havia de mostrar o caminho de casa.
A pestilenta, mas potente mota arrancou num soluço. "Ok, cuidado aí com aquela lomba.” Então o Fritz imaginou que quando passassem a lomba a mota levantaria voo, invejosa das estrelas.

A pequena Sachs Fuego voou e o Fritz agarrou-se com força ao Jack.

A última coisa que o pequenino Fritz disse, antes que a Sachs se espatifasse contra uma árvore, foi a lendária frase dos destemidos motociclistas ribatejanos, aqueles a quem Mercúrio inveja as Asas, onde alguém sempre diz perante o novo mundo que se vislumbra entre o silêncio do céu o pó da terra e a fúria do som de uma mota desgovernada, “Já estás!”

E foi assim que a Fuego foi parar à oficina, às portas de Lagos...

Licor Beirão, a bebida de Portugal




O licor Beirão é a mais portuguesa das bebidas. E está de novo na moda, se é que alguma vez dela saiu.

Bebe-se no bar fumarento dos intelectuais boémios, no restaurante fino, e na casa de pasto à beira da estrada.

Produzida por José de Oliveira Carranca Redondo, a bebida espirituosa ficou na memória colectiva do povo deste belo cantinho da Europa pelo slogan “O Licor de Portugal".

No entanto, uma variante dizia “O Beirão de que todos gostam". Dado que António de Oliveira Salazar era "Beirão" de nascimento, consta que pediu ao seu Secretário Sollari Allegro para indagar se o slogan lhe poderia ser dedicado.

Acontece que Carranca Redondo era anti-salazarista e republicano convicto. Festejava sempre o 5 de Outubro com uma salva de 21 tiros e dava uma grande festa. Para enganar os pides e bufos do regime dizia que a festa era para comemorar a seu aniversário de casamento.

Se o velho de Santa combadão soubesse, talvez hoje já não houvesse o famoso licor para deliciar os convivas no bar fumarento dos intelectuais boémios, no restaurante fino e na casa de pasto à beira da estrada.

Depois da jorna, ao cair da tarde algarvia, que bem que sabe um penalti para aquecer a caldeira, na esperança que um dia isto mude.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Passos soltos





Terras de azulejo, flores e ilustres senhores, terras de castelos em farelos, biqueiros e martelos, os poetas são estátuas ou nomes de escolas e nada nas sacolas, esbeltas, resistentes, mimosas, presentes, fieis, candentes, a mota continua viva por estas paragens de santos.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Bruce Leeves






Os tiozinhos já lá estão à porta do cinema para uma sessão retrospectiva do saudoso Bruce Lee, eu parei aqui na Boavista dos Pinheiros para dar boleia ao meu companheiro destas aventuras o Beto Mascate e comer um preguinho para sossegar o estômago. A minha castiça é uma Formula 1, chego lá em menos de um fósforo. Ki aiiii!

The Outlaw Josey Wales



O fora-da-lei Josey Wales é um duro e temível pistoleiro solitário. Depois de vingar o brutal assassínio da sua família, Wales é perseguido por um bando de criminosos amigos do xerife corrupto do condado. Sem rumo, junta-se a um grupo de colonos que necessitam da sua ajuda e protecção numa terra maldita. Hoje, é possivel vê-lo à entrada de Portimão, sentado à porta de um saloon manhoso a beber whiskey de má qualidade e a controlar os índios de má-pinta que lhe invejam a mota. Não o obriguem a sacar da magnum .45 e evitem o contacto visual directo, sobretudo nos dias em que a gasolina aumenta. Bang-bang e vai tudo para o galheiro! Até o tal da Luz!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Uma nova gerência já!




O português urbano e sofisticado quer salvar o planeta das emissões de CO2 geradas pelo consumo de combustíveis fósseis.

Os políticos promovem o hidrogénio, as eólicas e o fotovoltaico, e o português urbano e sofisticado, embevecido com o futuro idílico que o espera, acredita.

Acredita que poderíamos passar sem petróleo, se ao menos existisse um bocadinho mais de consciência ambiental e de boa vontade.

A fé num mundo alternativo começa a desmoronar-se quando a realidade bate à porta sob a forma de um aumento do preço dos combustíveis.

Todos os partidos, exigem medidas de controlo de preços.

Nenhum considerou que o aumento dos preços dos combustíveis é uma boa notícia para o ambiente ou uma oportunidade para promover o uso da bicicleta.

É por isso que exigimos já e agora uma nova gerência!

A noite engendra monstros



A caminho de Alte, a noite e a estrada estão desertas de gente humana.

Desde há muito que o escuro e eu já não engendramos monstros, mas ainda assim pensei duas vezes antes de parar na berma para recolher estes fantasmas sem abrigo à porta da garagem mal-assombrada.

Afinal é só imaginação... e tudo tem uma explicação natural, lógica, racional, objectiva e científica.

Até a própria ausência de uma.

domingo, 25 de maio de 2008

Baralho Cigano



Depois de vagarem pelas Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue. O que não se sabe ainda é se esses eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, os orgulhosos (rajputs). Independente de qual fosse o seu status, a partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos dedicaram-se com exclusividade a actividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalos, saltimbancos, comerciantes de miúdezas e a melhor das suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em grandes carroças coloridas e criaram nomes poéticos para si mesmos.

www.caminhandocomosol.com.br/baralho_cigano.htm

Ready, set, goooo!




Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.Fernando Pessoa

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Rust never sleeps


Rhynchophorus ferrugineus, the red palm weevil is a species of beetle. It is relatively large, between two and five centimeters long, and a rusty red colour. Its larvae excavate holes up to a metre long in the trunk of palm trees, and can kill the host plant. As a result, the beetle is a pest of palm plantations of palms such as the coconut palm, date palm or oil palm.[2] Originally from tropical Asia, the red palm weevil has spread to Africa and Europe, reaching the Mediterranean in the 1980s, and was first recorded in Spain in 1994 and in France in 2006. Now in Portugal specialy in the Algarve the plague is spreading. Hopefully the local authorities are planting far more palm trees than the ones that are destroyed.

domingo, 18 de maio de 2008

Famelzinha 76




Deram-me a palavra: Sou o Hilário da Conceição e vivo em Portimão, faço biscates de trolha e alguns no campo, como apanhar azeitona, alfarroba, vindimas, eu sei lá... e também sou requisitado para assadas ocasionais de sardinhas e afins. Hoje estou a aprontar-me, com uma bela dose de caracóis e umas survias, para dar ao caneto mais logo na inauguração do novo Museu da Cidade, uma homenagem à sardinha e aos sardinheiros fantasmas. Faço-me transportar por esta Famelzinha 76 de estimação que era do meu falecido pai o famoso Almerindo Conceição, exímio fadista e transplantador de buganvílias. Já ele era do Sporting e eu não fugi desse destino de leão: manhã cedo vou rumar ao estádio nacional puxar pelo meu querido conterrâneo João Moutinho. O guito tá escasso mas um homem não pode viver só de estafar o corpo. A minha esposa faz limpezas nas finanças, são de lá os clips que seguram a sobrecapa do assento. É a vida. Spoooooorting!

Dom Vito Corleone volta a atacar!








Pensavamos que D. Corleone, desde a última vez que o avistámos, algures na serra do Caldeirão, teria regressado à Sicilia depois de ter consumado as vinganças que o trouxeram para estas latitudes. Contudo, eis que o nosso capo de tutti capi ainda cá está...

Desta vez, D. Vito Corleone apresenta-se impecável de fato e gravata. E dento da famosa lancheira de palhinha da sua Casal k181 blindada, onde guarda a navalha (ainda com restos de sangue do dedo mídinho do último traidor caçado) e o revolver .38 de cano curto, eis que o nosso respeitoso e muito estimado D. Corleone trouxe chouriças e uma garrafa de aguardente de lagarto, fabricada pelo próprio. Nunca digam desta água não beberei, capisce?

Capo di tutti i capi é a expressão italiana utilizada para designar "o chefe de todos os chefes" da máfia siciliana. Desde 1958, este "título" foi ostentado por:

* Al Capone de 1937 a 1958;
* Salvatore Greco de 1958 a 1963;
* Luciano Liggio de 1963 a 1974;
* Gaetano Badalamenti de 1974 a 1976;
* Michele "il papa" Greco de 1976 a 1982;
* Salvatore "Totò" Riina de 1982 a 1993;
* Bernardo Provenzano de 1993 a 2006.
* Dom Vito Corleone do Algarve, 2006 a 2008.

sábado, 17 de maio de 2008

Gipsy kings motorcycle club






Gypsies, gitanos, zíngaros, Rom, Sintos, Calon ou Calé são designados vulgarmente por "Ciganos". Filhos da estrada, rebeldes do asfalto, simples convivas, apreciadores de tremoços e sedentos de cerveja geladinha e resultados da bola, fura-vidas, empregados por conta de outrem, dependentes do recibo verdo, ociosos excluidos e integrados, bons garfos do petisco, primos e compadres, conhecidos e desconhecidos, passageiros clandestinos e nomádas do mundo, todos param aqui para momentos de amena cavaqueira. E seja bem-vindo quem vier por bem, ao Gipsy kings motorcycle club!