Noutro dia fui comprar frango assado.
Na caixa, um tipo gabava-se de feitos incríveis na guerra do ultramar.
Dizia que certa vez, numa emboscada dos comandos, tinha saltado sobre o inimigo - os turras - e a sua companhia com um apoio de um helicanhão, limparam-lhes bem o sarampo. Ainda apanharam uns quantos vivos que levaram porrada de criar bicho.
E o relato continuou, continuou, enquanto as batatas fritas do meu jantar arrefeciam.
Na verdade, dou pouco crédito a estas "proezas" de combate.
É que apesar de ter nascido em 1975, eu também sou um veterano da guerra do ultramar.
Raramente ouvi falar do que se passou no "mato". Só vi as fotos das "bajudas", dos "bijagós", do "natal", dos "macacos", etc...
Contudo, em casa, nunca me faltaram guerras.
Nem a mim, nem a todos(as) aqueles(as) que tivemos a infelicidade de crescer com pseudo-Rambos tresloucados (vulgo pais), cheios de taras, vícios e outros sintomas a que hoje se dá o eufemístico e politicamente correcto nome de "stress pós-traumático".
E o mais triste, que hoje, já todos descobrimos a infinita cobardia destes bravos.
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