sexta-feira, 9 de julho de 2010

Riqueza perdida



Estamos a regressar à necessidade de recriar o tecido produtivo Europeu e/ou Ocidental onde, quer se queira quer não, vivemos. Estamos a perder riqueza.

Acabou a economia imaterial e abstracta, baseada na circulação de capital. Foi um estágio primitivo dum possível modelo futuro de se criar valor sem materialidade. Um velho sonho da humanidade... mas ainda distante. A entropia manda e não deixa...
Por enquanto as regras económicas ainda se baseiam no material e real! E é com elas que temos que jogar...
E é aí, e em mais nada que me foco. Há fundos da UE disponíveis, os últimos que nos vão dar, mas pouca competência e capacidade em Portugal de se perceber e preparar o futuro. E isso é muito frustrante.
Os objectivos da nova economia, ideologias ou clubismos à parte, é trabalhar para se prepararem os profundos choques que vão ocorrer a curto médio prazo em quatro frentes:

- Demografia

- Energia

- Água

- Escassez de recursos naturais

Essa é a essência da Low Carbon Economy. É preciso fazer mais com menos recursos, energia e impactes ambientais (eco-eficiência, o novo drive civilizacional). É preciso saber gerir de forma simples, sistemas ainda mais complexos que os actuais.
Ora, o que vejo é que nem sistemas primários e primitivos que temos sabemos gerir!!! Por isso, pela incompetência da gestão, repito gestão, já que não temos uma politica, o país está entregue a corporações que puxam pelos seus interesses, médicos, farmacêuticos, advogados, economistas, políticos, etc...etc... um sintoma de feudalismo e atraso... Isso tem que acabar. É demasiado primitivo...
Temos um estado que não funciona politicamente. Mas para distribuir migalhas ao povo dando emprego para manter o pessoal ocupado e pelas costas dar ainda chorudos ordenados aos que fazem ainda menos, já que gerem nada (alguns dos ordenados maiores do mundo!!)
O estado não pode ser um sistema de criar emprego! Tem que ser uma máquina eficiente de gestão permitindo e ajudando o trabalho. E isso só se consegue havendo uma visão, uma estratégia de acção para que os cidadãos acreditem no que fazem... trabalhar já é uma valente merda!!! E trabalhar pró balão, nem tem qualificação, é mesmo desumano... Essa é uma das grandes conquistas da modernidade ocidental, libertarmo-nos da escravatura do trabalho.... ostracizamos o mundo inteiro para termos isso. No inicio do milénio 10% da humanidade consumiam 90% dos recursos! Era insustentável. Mas pelo caminho não nos devemos esquecer dessa conquista, de lhe darmos valor. Senão, 500 anos de exploração global não serviram para nada. De tal forma que pensávamos ser possível pôr o mundo a trabalhar para nós, que nos esquecemos que somos pobres, não temos recursos... e assim acabamos com as industrias produtivas pensando que podíamos viver de gerir à distância, consumir e cobrar impostos. O ocidente tem que descer do pedestal aristocrático em que caiu, perder algumas benesses e providencias, e estabilizar os níveis de riqueza. Tem outra vez que saber tirar partido da criatividade, conhecimento e trabalho e resiliência que nos tiraram um dia da pobreza. Sustentar-se no seu espaço geográfico para poder ser global.
Ora, a uma visão e estratégia de acção chama-se politica. E isso não existe no Ocidente. Mas em Portugal é particularmente gritante...
Pensamos que podemos continuar a ser aristocratas, só que agora é a vez dos outros... não vai ser fácil.
Todos os países de referência estão a preparar-se para essa nova realidade. Nós continuamos confiantes de que podermos existir sem produzir nada, repito, nada... e até podemos, mas na pobreza.
A questão é que o problema não é da UE, é nosso. Estamos de novo a cair na espera que nos caracteriza. Sem quebrarmos o ciclo não vamos lá. E este governo não sabe.

(No Facebook do Agente Verdíssimo)

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