sábado, 15 de novembro de 2008

Credo quia absurdum est - drama, consequência e efeito presente e futuro de não ter uma explicação válida para dar





Às vezes fazemos coisas que nem sabemos explicar porquê. Podemos responder - "bem, não sei. Não faço ideia." - porque simplesmente, não existe nenhuma razão em especial. Nada há a explicar. Nem a acrescentar. Não há e pronto. O problema é que nos dias em que vivemos não há lugar para a falta de explicações, motivos ou intenções.

Tudo tem que ter uma motivação à vista. Tem que fazer sentido. Tem que ter uma explicação.

Caso contrário, se não existir um sentido aparente, então, a coisa azeda e passamos de IMEDIATO ao plano das entrelinhas, dos significados escondidos por detrás das mais simples frases e palavras.

Então, em cada letra cabem provocações hipotéticas. Escondem-se conspirações e conjuras atrás de cada sílaba. Então, em cada vogal há uma armadilha montada. Em cada consuante, há segundas intenções, quase sempre maléficas e prejudiciais.

Se na rua um desconhecido nos oferecer um sorriso para a fotografia, isso é bom ou mau?
Se alguém que nunca vimos nos pede um palpite para a sorte grande, isso é bom ou mau?
Se agora que somos adultos, um desconhecido nos oferecer o jornal para ler, ou nos pagar uma cerveja apenas pela companhia das circustâncias, isso é bom ou mau?

Será que há um convite ao sexo promíscuo atrás de cada um destes actos? Ou será que a nossa desconfiança provocada pela ausência de explicações não o maior obstáculo que colocamos a nós próprios. Será que a comunicação moderna perdeu a fé? Qual o futuro do absurdo, então?

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