quinta-feira, 3 de julho de 2008

A morte de Ivan Ilitch.





Ivan Ilitch é um homem de meia idade, sem grandes qualidades ou defeitos, que vive uma existência inútil.

"Como estudante, ele já era o que viria a ser para o resto de sua vida:um jovem muito capaz, alegre, sociável, de boa paz, embora rígido no que considerava serem suas obrigações – e ele considera suas obrigações o que quer que seus superiores assim considerassem."

Depois cresceu e filiou-se num "partido".

Tornou-se um burocrata, frio, pacato e acima de tudo banal, julgava o destino das pessoas da maneira mais asséptica e impessoal possível.

Um dia adoece. Piora. Definha e como tal é abandonado.

Vai ao hospital, paga 4,5€ por uma consulta (análises e consumíveis são pagos à parte), e fica metade do dia na sala de espera.

"as coisa não estavam bem, mas para o médico e provavelmente para todas as outras pessoas isso não faria a menor diferença."

A dor é terrível. A moral é pior.

Aproxima-se a morte e com ela, Ilitch começa realmente a ver a sociedade, a hipocrisia, o egoísmo humano. Os que se julgam doutores, e têm um ar que sabem tudo, quando na verdade não sabem nada.

O que eu não sei é porque motivo, a literatura russa do século XIX é um retrato tão fiel do canto obscuro onde vivo hoje, no século XXI.

1 comentário:

Anónimo disse...

Porque infelizmente a nossa capacidade de analisar as possibilidades/capacidades dos outros esbarra na ideia preconceitosa de que somos superiores. Conseguimos sim discernir certas coisas se não estiverem directamente interligadas connosco e principalmente se não nos afectarem o bolso.