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Ivan Ilitch é um homem de meia idade, sem grandes qualidades ou defeitos, que vive uma existência inútil.
"Como estudante, ele já era o que viria a ser para o resto de sua vida:um jovem muito capaz, alegre, sociável, de boa paz, embora rígido no que considerava serem suas obrigações – e ele considera suas obrigações o que quer que seus superiores assim considerassem."
Depois cresceu e filiou-se num "partido".
Tornou-se um burocrata, frio, pacato e acima de tudo banal, julgava o destino das pessoas da maneira mais asséptica e impessoal possível.
Um dia adoece. Piora. Definha e como tal é abandonado.
Vai ao hospital, paga 4,5€ por uma consulta (análises e consumíveis são pagos à parte), e fica metade do dia na sala de espera.
"as coisa não estavam bem, mas para o médico e provavelmente para todas as outras pessoas isso não faria a menor diferença."
A dor é terrível. A moral é pior.
Aproxima-se a morte e com ela, Ilitch começa realmente a ver a sociedade, a hipocrisia, o egoísmo humano. Os que se julgam doutores, e têm um ar que sabem tudo, quando na verdade não sabem nada.
O que eu não sei é porque motivo, a literatura russa do século XIX é um retrato tão fiel do canto obscuro onde vivo hoje, no século XXI.
1 comentário:
Porque infelizmente a nossa capacidade de analisar as possibilidades/capacidades dos outros esbarra na ideia preconceitosa de que somos superiores. Conseguimos sim discernir certas coisas se não estiverem directamente interligadas connosco e principalmente se não nos afectarem o bolso.
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