sexta-feira, 19 de março de 2010

Da Alba ao poente


um anjo erra (o amor confuso)

Um anjo erra
nos teus olhos diurnos
humedecido do véu
(ao fundo, a íris entardece)
seguiu de cor a revoada das pombas
místico
um arroubo ascende a prumo
do plano em que me fitas
cisnes desaguam
do teu olhar em fio
e vogam ao redor, pelo estuário da sala
ao sol-poente
os vitrais das janelas
ardem na catedral assim erguida
colocamos um sonho
em cada nicho
e no círculo formado pelas nossas bocas
subentende-se com verve
a língua.

certo de que voltas, canção (o amor confuso)

Certo de que voltas, canção,
a incerta hora,
espero como quem mora
só, a visitação.
Sei, por sinais e anjos e desviados,
que rebentas dos sonhos desolados
em flores no chão.
Apenas flores, nem nimbos na lapela.
Flores para a mesa,
com o odor da certeza
de água, vinho e pão.
Apenas flores e tu,
ó meu amor sem nome,
e a nossa dupla fome
dum menino nu.

http://manuthinkerfree.blogspot.com/2010/02/sebastiao-de-alba.html

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