sexta-feira, 8 de maio de 2009

Adeus, camarada Vasco Granja!



HOMENAGEM (?) A VASCO GRANJA, da responsabilidade de Theonetoo (1975), mais uma mente intoxicada numa geração influenciada por animações de má qualidade da Europa de Leste.

Querido Vasco,

Às vezes, dou comigo a pensar nas coisas que me mostrastes quando eu era pequeno.

Lamento, lamento muito não poder ser mais simpático, mas contigo, aprendi o que era a desilusão.

Passei muitas horas contigo na minha infância. Ouvi-te com sempre com toda a atenção.

Quando tu aparecias, trazias contigo a esperança, a possibilidade, ainda que remota, de poder ver desenhos animados a sério.

Pensava sempre - "é hoje que vou ver bonecos fantásticos, coloridos e divertidos!"

Sentava-me e escutava tudo o que dizias sobre a "Checoslováquia", a "Bulgária", a "Cortina de Ferro" e outras tantas coisas que não me faziam qualquer sentido, sempre na esperança que as tuas palavras se transformassem em Tio Patinhas, Rato Mickey, Bugs Bunny ou outro qualquer herói de gente pequena.

Mas não. Isso não era contigo.

Será que alguma vez te perguntaste a ti próprio, se estariam crianças a ver o teu programa?

Será que ninguém te disse que houve um baby boom nos finais da década de 70 em Portugal?

Em vez do Donald, tu trazias-me bonecos feitos com folhas de árvore secas, latas de sardinha, riscos e rabiscos, tudo a preto e branco, às vezes sem som, tudo sempre feio, horrível, triste e sombrio como a minha decepção.

Ó Vasco. Hoje és um herói. Toda a gente fala bem de ti. Porreiro, pá!
Os doutores dizem que foste um génio, um iluminado.
Finalmente, a glória, a fama, a aceitação do público.
Tal como Camões, depois de morrer na miséria.

Para mim, és aquele senhor simpático das histórias sem nexo sobre países com nomes estranhos, que fazia falsas promessas sobre o que iriamos "ver a seguir", que afinal, se resumia sempre ao mesmo amargo sabor da decepção.

Resta-me dizer-te: Até sempre! E está perdoado, se prometeres que não atormentas mais criancinhas com animações horríveis dos países de Leste lá para onde fores...

1 comentário:

Ko & theonetoo disse...

Meu caro colega, cabe-me dizer que não partilho a tua decepção, talvez por ter tido antes um "padrinho" da TV o Jorge Alves, que me mostrou os desenhos animados que precisava de ver, para além disso havia o Woody Woodpecker que partia a loiça toda. Do leste veio uma outra poética que até apreciei talvez por ser já mais "idoso". Tenho um amigo que detesta o Júlio Isidro.