sábado, 30 de outubro de 2010
Amolador profissional
Diamantino Trovoada Mendes lançou-se para a estrada com o sereno compromisso de conseguir amolar todas as facas e tesouras da gloriosa cidade do ilustre Manuel Teixeira Gomes. Municiado com uma V5 bem cuidada e locomovida a energia do empurra, lá vai ele a caminho da Ladeira do Vau soprando a flauta de pan para atrair a desfalcada clientela...
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Cinematic Field
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Um detour no glamour
http://aruinadefaro.blogspot.com/
Ómessa! mazatão a genti num comi?
Caroço dos maganes candam a enganar a genti
Filhos de uma grandessissima saca de produtes fora de praze!
Vociferou Elisiário Carrondo na assembleia geral do grupo desportivo e recreativo da Madrepérola.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Premonição indesejável
Uns tentavam ignorar. Outros há muito o previam. Não podiam, não sabiam nem mandavam. Apenas pressentiam e fizeram-se à estrada, rezando para que não entrassem ainda mais nas entranhas daquele parque jurássico, onde se perdem as superstições com um amargo gosto a borrego.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Musical moment with popular Portuguese duo Ricardo and Henrique
Está de regresso o duo que fez furor em 2000!
O Best of Ricardo & Henrique reúne algumas canções intemporais como: “A carta”, “O que é que eu faço”, “Vale a pena amar”, “Jogo de orgulho”. Estes 4 temas foram regravados para esta edição especial. Um álbum recheado de sucessos, de paixões, amores perdidos, encontros e desencontros.
Uma compilação de êxitos que abrange uma diversidade de emoções e estilos, por entre as baladas e o pop mas sempre na linha romântica, marca o percurso deste duo que volta mais forte do que nunca! “Tu vais ver”, “Esta vai ser a noite”, “Adrenalina” ou “Floco de neve” são outras músicas que todos nós recordamos nas vozes de Ricardo & Henrique.
Após uma ausência prolongada, Ricardo & Henrique regressam e com eles trazem um novo álbum que recupera para os nossos dias, alguns dos temas de maior sucesso da sua carreira. Uma interpretação que se revela mais madura e estimulada pelo passar dos anos com um precioso crescimento vocal.
Descredenciada improbabilidade
O que é preciso é gente
gente com dente
gente que tenha dente
que mostre o dente
Gente que não seja decente
nem docente
nem docemente
nem delicodocemente
Gente com mente
com sã mente
que sinta que não mente
que sinta o dente são e a mente
Gente que enterre o dente
que fira de unha e dente
e mostre o dente potente
ao prepotente
O que é preciso é gente
que atire fora com essa gente
Essa gente dominada por essa gente
não sente como a gente
não quer
ser dominada por gente
NENHUMA!
A gente
só é dominada por essa gente
quando não sabe que é gente
Ana Hatherly, in "Um Calculador de Improbabilidades"
Pesada periferia
Havia no meu tempo um rio chamado (Portugal)
que se estendia ao Sol na linha do horizonte.
Ia de ponta a ponta, e aos seus olhos parecia exactamente um espelho
porque, do que sabia,
só um espelho com isso se parecia.
De joelhos no banco, o busto inteiriçado,
só tinha olhos para o rio distante,
os olhos do animal embalsamado
mas vivo
na vítrea fixidez dos olhos penetrantes.
Diria o rio que havia no seu tempo
um recorte quadrado, ao longe, na linha do horizonte,
onde dois grandes olhos,
grandes e ávidos, fixos e pasmados,
o fitavam sem tréguas nem cansaço.
Eram dois olhos grandes,
olhos de bicho atento
que espera apenas por amor de esperar.
E por que não galgar sobre os telhados,
os telhados vermelhos
das casas baixas com varandas verdes
e nas varandas verdes, sardinheiras?
Ai se fosse o da história que voava
com asas grandes, grandes, flutuantes,
e poisava onde bem lhe apetecia,
e espreitava pelos vidros das janelas
das casas baixas com varandas verdes!
Ai que bom seria!
Espreitar não, que é feio,
mas ir até ao longe e tocar nele,
e nele ver os seus olhos repetidos,
grandes e húmidos, vorazes e inocentes.
Como seria bom!
Descaem-se-me as pálpebras e, com isso,
(tão simples isso)
não há olhos, nem rio, nem varandas, nem nada.
António Gedeão, in 'Poemas Póstumos'
sábado, 9 de outubro de 2010
Expressividade anódina
A insatisfação de Miguel Britelino Matos tinha-o colocado numa posição comprometedora no seio da autarquia onde era um fotógrafo ao serviço de todas as conveniências. Agora que dominava o ambiente digital tomava o partido de uma estética de circunstância que deitava a perder anos de perfeccionismo institucional...
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Almodôvar a bombar!
O nosso amigo José António do Moto Clube de Almodôvar enviou-nos estas maravilhas, que participaram no último encontro de motorizadas antigas.
Obrigado e um grande abraço para o nosso Alentejo!
Etiquetas:
José António Moto Clube de Almodôvar
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Hipérbole republicana
Semi nua e de espada em punho
Prometendo justiça e alimento pressuroso
Na esquerda o símbolo da terra e do sangue
Desafiando os incrédulos circunstantes
Enfiado o barrete da liberdade
E resguardado o pudor com um lençol encardido
Eis-te centenária mas marmórea
Esfingica e roliça em ameaçador sol nascente
Como que prevendo o esvanecer
Ante as novas investidas do poder negro
Enigma dos novos séculos
Catarse de um povo capado
Viva diz-se com um sabor agridoce
A rez pública em seu banho de ouro falso
sábado, 2 de outubro de 2010
Acaso em Lisboa
No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.
A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.
Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.
Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por gênio, se calhar,
Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!
Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Por que todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal ...
Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Feira cabisbaixa - a eterna miragem
"Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo, / golpe até ao osso, fome sem entretém/ (...) feira cabisbaixa / meu remorso / meu remorso de todos nós..."
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